"O problema não é mais como fechar a sua porta. O problema
agora é que toda vez que eu vejo você, dói.
Não é qualquer dor. Não é aquela facada, não é um tiro. Não
é nada que me pegue de surpresa. É o nervoso que vem devagar, subindo pelas
pernas, se transforma em tremor, e isso acontece quando eu sinto que você está
no mesmo ambiente que eu – ridículo sentir você, mas parece que toda vez que eu
me lembro de você quando estou em algum lugar você aparece. – e então, quando
eu vejo você, aí sim a dor se instala no meu peito, e se agrava mais com o seu
olhar, frio, inexpressivo. Hurts. Você pode, por favor, participar dessa dor?
Eu estou vivendo tudo isso completamente sozinha, sem ninguém para me aturar,
ou que eu possa realmente falar, e então quando eu me percebo de estar nesse
martírio eterno por você, meu mundo interior explode em milhões de pedaços em
uma combustão instantânea, e tudo por você. Então eu tenho de me levantar
sozinha, me curar dessa dor sozinha. Infelizmente não existe um tipo de morfina
pra isso, só os dias passando, sem ver você, então eu me lembro de que tenho um
mundo todo na minha costa para sustentar. Mas aí, voltando de qualquer lugar
que tinha uma tarefa, simplesmente andando na rua, você cai na minha vista, e o
pior, é que vinha me negando a pensar que você estava por perto, e eu
continuava a negar, e ver você deixa um gosto amargo, e então todo o ciclo da
dor recomeçou. Você me pôs no modo “reset”, é como se eu reinicia-se e me
direcionasse a você, todas as vezes.
E nunca tem uma pausa disso, nunca há uma folga, nunca há um
“oi” ou um “tudo bem?”, não existe algo que importe aqui.
Nunca há você pra mim, nem um pouquinho, nunca, e o pior de
tudo, é saber que nunca haverá.
Há um muro entre nós, construído com o seu olhar.
Black eyes, esses olhos que me matam, e eu comecei uma rehab
deles, evitando, tentando ignorar a sua presença. Só pare de ser idiota, pare
de ser estúpido, pare de ser tosco, pare de me olhar também,
pare de me olhar.
E assim, eu vou
conseguir a cura, a cura definitiva para essa doença que é amar você.
Não é errado assumir que amo você, é errado amar você;"
A.C.M.